Vamos à obra!

Nascido fora do seio da construção, como a grande maioria do nosso povo cresci a ouvir os mais diversos e arrasadores comentários sobre obras e tudo com que com elas se relacionam, como de que as obras atrasam sempre, ninguém assume compromissos, os prazos nunca se cumprem, a qualidade fica sempre a desejar e os custos disparam regularmente… Apesar de tudo isso, acabei por me transformar num engenheiro civil de formação, ramo estruturas, e de profissão… tendo iniciado a minha carreira como projectista de estabilidade, pois era de opinião que “para ser um verdadeiro engenheiro” tinha de fazer grandes projectos de estruturas… Felizmente “essa psicose” não durou assim tanto e a ida para as obras foi uma realidade que chegou cedo, mas nunca negando que o hábito entretanto criado, como projectista, de “abrir desenhos”, foi fundamental para o meu desempenho na minha carreira de engenheiro civil. Iniciei-me então na área de coordenação e fiscalização, mas rapidamente me mudei “para o empreiteiro”, onde percorri praticamente todos os lugares, e tarefas, de uma construtora… Desde a angariação de uma obra até ao seu final, no fim do respectivo período de garantia, passando pela elaboração da proposta e seu acompanhamento, preparação do arranque, execução e controlo da obra, e finalmente o serviço após venda… Sinceramente, acho que passei por todos, mesmo todos os lugares e patamares de uma construtora… em Portugal e nos mais diversos países do mundo, nos 4 grandes continentes… Como seria de esperar, com o tempo fui percebendo o porquê de todos os maus pensamentos que envolvem a construção, e sempre lutei para que tal fosse ultrapassado. Espero assim, e de uma forma clara, que esta partilha da minha experiência enriqueça profundamente a vida profissional de cada um, e por que não a pessoal… Formar gente e equipas é a tarefa de qualquer gestor, e muito das Direcções de Obra, e o facto do mercado vir a apelar por elementos por nós formados é um orgulho enorme. Acima de tudo, todos nós temos de ter a noção clara que ao trabalharmos numa empresa há obrigatoriamente que defender os interesses dessa mesma empresa, mas nunca se pondo em causa não só o respeito que aquela tem obrigatoriamente de ter por nós, como acima de tudo a nossa idoneidade profissional…